Esta é a primeira monografia de uma série que inclui os estudos Rosa-Cruzes Tradicionais desde os Graus de Neófito até o Nono Grau do Templo e também os Graus do Illuminati e da Hierarquia. Esses estudos são oferecidos a todos os membros da CR+C. O texto a seguir responde perguntas relativas à história, aos ensinamentos e aos objetivos da Confraternidade da Rosa+Cruz.
Todo o material aqui contido está com os Direitos Autorais Registrados por Gary L. Stewart, Imperator, e não pode ser reproduzido por quaisquer meios sem o expresso consentimento por escrito do possuidor do Direito Autoral.
Conteúdo:
Introdução
Uma palavra sobre História Rosa-Cruz
Uma palavra sobre nossos ensinamentos
Uma palavra sobre o Ofício do Imperator
Introdução
Irmãos e Irmãs,
A maioria de vocês, neste momento que escrevo, está mais que suficientemente familiar com o termo Rosacrucianismo e o que ele significa para vocês individualmente e para a humanidade em geral. Com o tempo, nós, como maioria, deveremos diminuir em número e sermos substituídos por novas gerações de Rosa-Cruzes. Deveremos nos tornar uma memória na história tanto quanto nossas aflições e nossos sucessos. Assim tem sido sempre e deveria sempre ser. Devemos estar constantemente cientes de que aquilo que conseguirmos hoje como Rosa-Cruzes deverá influenciar os sucessos (ou as falhas) de nossos irmãos e irmãs no futuro.
Para aqueles que estão entrando agora na corrente do Rosacrucianismo, nosso Trabalho, nossa história, e nossa existência lhes dão as boas-vindas pela sua busca. Se nada mais, é pelo menos nosso desejo sincero que aprendam a reconhecer a Verdade inerente dentro de seu ser e saibam que não precisam nunca olhar para fora de si para descobrir a Verdade inata dentro das maravilhas de Deus e do universo. Vocês não precisam nunca se afiliar a qualquer organização, religião, ou seguir a liderança de qualquer indivíduo para saber o que quer que procurem saber. Sua própria confiança na sua busca, unida aos ditames de sua própria consciência são as únicas ferramentas fundamentais necessárias ao sucesso. Tudo o mais é questão de escolha preferencial.
Dessa forma, os Rosa-Cruzes escolhem livremente serem Rosa-Cruzes, não somente porque acreditem que a Ordem vá apenas ditar ou ensinar princípios místicos ou esotéricos. Antes, eles se afiliam porque sentem dentro de si o impulso para compartilhar e para se tornar parte de um antigo movimento dedicado à livre expressão da Luz. O Rosa-Cruz vive a sua escolha.
Esta é, simplesmente, a mensagem dos Rosa-Cruzes. Nossa Senda é tão fácil de ser seguida quanto lhes é seguir as convicções de sua própria integridade. Nossa Senda fica comprometida somente se vocês comprometem essa integridade e o seu sucesso ou sua falha será determinado somente pelos obstáculos que vocês colocarem diante de si ou pela facilidade com a qual os removerem.
Um Rosa-Cruz é alguém que livremente aceita responsabilidade e que também livremente assume a responsabilidade de servir e de trabalhar para a iluminação de todos. Um Rosa-Cruz é aquele que livremente partilha com sabedoria o que sabe e o que procura. Um Rosa-Cruz é alguém que não julgará os outros em virtude de crença religiosa, sexo, preferências pessoais, nacionalidade, ou inteligência. Mais apropriadamente, um Rosa-Cruz é alguém que avaliará uma outra pessoa baseando-se em sua motivação, ação, e obra.
Tradicional e historicamente, o Rosa-Cruz e também o Movimento Rosa-Cruz lutam incansavelmente pelo estabelecimento e pela perpetuação da liberdade — a liberdade de mente, espírito e alma. Buscamos conhecer a verdade e buscamos dividir o que sabemos e aprender com aqueles de mentes e corações abertos que são sinceros e responsáveis para com a sabedoria que concedemos.
Censuramos os ignorantes e arrogantes que buscam controlar as liberdades de outrem através de métodos fraudulentos — sejam eles evidentes ou sutis. Censuramos aqueles que mentem, enganam, ou roubam por qualquer motivo e especialmente aqueles que se comportam de forma a alcançar seus próprios objetivos sem pensar nos outros e na Senda da Luz. Acreditamos que essas pessoas sejam escravas desencaminhadas das trevas que somente agem porque insensatamente entregaram o espírito de sua liberdade a outrem, ou a um ideal de propósito e objetivo menos nobres. Talvez tenham agido influenciados pelo engano, ou talvez tenham agido com intenção maligna... Não é nosso propósito discutir as causas. Antes, é nosso propósito corrigir os efeitos, não necessariamente pela revolução, mas, em vez disso, através de nossa harmonização pessoal e coletiva com a Luz e através da ação do Serviço que essa Luz inspira.
O que é então um Rosa-Cruz? É aquele que busca ser um adepto da Luz — não meramente porque goste da idéia. Mas antes, porque percebe e conhece a necessidade.
O que é que ensinamos? Fundamentalmente um conhecimento baseado na experiência de várias manifestações da existência que transcendem os reinos físico e material, com os quais estamos mais familiarizados. Ensinamos métodos que ajudarão o indivíduo a aumentar suas perspectivas e atitudes com o propósito de despertar para e de compreender os chamados aspectos “desconhecíveis” de nossa existência. Todos nós já sentimos aqueles aspectos que vêm até nós em sonhos especiais, intuições, ou introspecções. O nosso propósito de ensino é auxiliar as pessoas a acentuar essas experiências de forma a torná-las viáveis e aplicáveis em suas vidas cotidianas.
Nossos ensinamentos transcendem as técnicas freqüentemente popularizadas por muitos aspectos do que é muitas vezes conhecido como a Nova Era. Nós ensinamos técnicas que transcendem o que é conhecido como assuntos ou habilidades “psíquicas”. Nossa realidade é a profundidade do saber esotérico... das realidades do despertar místico.
UMA PALAVRA SOBRE A HISTÓRIA ROSA-CRUZ
O nome Rosa-Cruz na verdade originou-se de níveis de uma fonte não tão óbvia — todos os quais possuem suas origens no Latim. Em seu uso público mais externo como também no uso ensinado aos Rosa-Cruzes do início deste século, por uma razão necessária e muito boa, o nome derivava do Latim: “rosae” e “crux” popularmente traduzidos para “rosa-cruz”. A Rosa-Cruz tornou-se então o símbolo dos Rosa-Cruzes cujo significado simbólico particular será explicado mais tarde em nossos ensinamentos.
Tradicionalmente, a cor da rosa é a vermelha. O significado da cor vermelha como aplicada ao nosso símbolo, também será explicado mais tarde em nossos ensinamentos. Contudo, por agora é suficiente dizer que um erro um tanto comum na especificação de nosso nome tem sido perpetuado por aproximadamente 400 anos. Com freqüência, temos sido erroneamente considerados como pertencentes à Ordem da Cruz Rosada. Uma cruz rosada é uma cruz de cor rosa. Por outro lado, uma Rosa Cruz é uma cruz sobre a qual é colocada uma rosa. Se você observar, o significado é bem diferente e devemos ser cuidadosos para não confundi-los.
Para compreender o Rosacrucianismo, deve-se também compreender o temperamento Rosa-Cruz e o senso de autopreservação. No século dezessete quando inicialmente o movimento Rosa-Cruz começou a se tornar popular e influente como uma força protetora para a manutenção das liberdades básicas, muito foi feito pelos inimigos da Luz para suprimir aquela força. Os métodos públicos de supressão não preocupavam tanto os Rosa-Cruzes como as táticas e métodos subversivos utilizados. Entre os anos de 1618 e 1625 existiram aproximadamente 20.000 publicações direta ou indiretamente relacionadas com o Rosacrucianismo publicadas por admiradores externos que desejavam apoiar o movimento ou, na maioria dos casos, por inimigos tentando subvertê-lo e desacreditá-lo através da publicação de alegações absurdas. Como forma de identificar e expor esses inimigos, escritores Rosa-Cruzes autênticos começaram a fazer referências à “Cruz Rosada” como forma de proteger o verdadeiro símbolo e o seu significado. Sabiamente, os iniciados entenderiam o código enquanto que os não-iniciados discursariam sem o conhecimento. Apenas como curiosidade, entre os anos de 1598 e 1775, somente 14 trabalhos Rosa-Cruzes autênticos foram publicados quer na forma de livro, tratado ou manuscrito. Compare isto com as 20.000 referências feitas em meros sete anos! É de se admirar que a nossa história e herança sejam tão confusas?
No final do século dezenove, o termo Cruz Rosada tinha se tornado bastante popular entre escritores e historiadores do Rosacrucianismo e a maioria daqueles que usavam esse termo teve sucesso somente em se identificar como alguém fora do Movimento. O mais notável nessa categoria é o autor Arthur Edward Waite. Não obstante, seus livros sobre o assunto, embora difíceis de serem lidos em função de seu estilo, são em geral corretos e valem a pela serem lidos por aqueles que se interessam por nossa história.
Nosso primeiro Imperator, H. Spencer Lewis, freqüentemente usava o termo Cruz Rosada até mesmo dentro de nossos próprios ensinamentos. Você deveria estar ciente de que ele fazia isso intencionalmente pelas mesmas razões que as dos primeiros Rosa-Cruzes do século dezessete. Isto é, para ajudar a proteger a santidade de nosso símbolo. Durante a primeira parte deste século (como também na última parte) existiam muitos inimigos do Rosacrucianismo, muitos dos quais se afiliaram à AMORC, a organização fundada pelo nosso primeiro Imperator, por razões de subversão ou ambição. Ambição de conseguir a palavra escrita para fundar suas próprias organizações para seus próprios objetivos. Notavelmente, isso aconteceu muitas vezes, mas em função da percepção interior de H. Spencer Lewis, somente as palavras foram roubadas e nunca a Tradição.
Atualmente, como resultado do trabalho de H. Spencer e Ralph Lewis, o Movimento Rosa-Cruz está firmemente estabelecido como uma tradição mantida no Ofício do Imperator fazendo com que não seja mais necessário esconder o verdadeiro significado e origem de nosso nome e de nosso símbolo.
A cruz de ouro de braços iguais sobre a qual é fixada uma rosa vermelha é o nosso símbolo exterior. Ele é adequadamente conhecido como a Rosa-Cruz. Não tem qualquer identificação ou conotação religiosa; mais apropriadamente, identifica a manifestação exterior do Movimento Rosa-Cruz e também uma interpretação simbólica do processo iniciático pessoal de cada e de todo indivíduo.
Contudo há uma interpretação mais profunda. Essa interpretação mais profunda é a origem exata de nosso nome e descreve o processo que o Movimento Rosa-Cruz (não apenas um Rosa-Cruz individualmente) deve suportar para se estabelecer como uma força viável de Luz nos reinos material e esotérico.
Toda manifestação existe em virtude de um processo... uma continuidade de existência eterna que não conhece nem começo nem fim. Este processo deve ser de transcendência e transformação que nunca permite estagnação ou deterioração grosseira. Ele deve sempre se refinar e se melhorar e, periodicamente desprender a aparência de sua pele exterior e a densidade de sua expressão material. H. Spencer Lewis se referiu a este processo cedo em seus escritos como o ciclo de 108 anos e mais tarde aludiu a ele nos graus numericamente superiores, referindo-se de forma alegórica à bem conhecida analogia da relação necessária entre Judas e Jesus. A sua alusão era para explicar a necessidade de um catalisador para induzir a mudança e a transformação necessárias.
O nome “Rosa-Cruz”, visto de uma perspectiva iniciática, deriva das palavras latinas: “ros” e “crucis” e elas constituem a verdadeira origem de nosso nome. O fato de se originar do Latim também estabelece uma data para nossa história.
O processo de nossas origens é de natureza alquímica —alquímica no sentido espiritual, não material. Ele identifica um processo de refinamento e transcendência para um estado mais desenvolvido não diferente do processo individual da noite negra e do áureo alvorecer. Ros é a palavra latina para “orvalho” e em termos alquímicos, o “orvalho” é a pureza da essência refinada através dos processos transcendentes de se trabalhar o poder do vitríolo em sua mais alta condição. “Ros” é o resultado aperfeiçoado de uma existência mais grosseira.
Crucis descreve os atributos necessários para que o processo de transformação se manifeste. “Crucis” foi um instrumento Romano de tortura transformado em um símbolo sagrado pelos primeiros fundadores da Cristandade. Os cristãos dizem que Jesus foi torturado, morreu na cruz e sacrificou sua vida para que a alma humana fosse salva.
Nosso interesse aqui não é pelo simbolismo ou pelas conotações religiosas, pois na verdade todo grande profeta ou Salvador de cada religião passou por uma experiência similar pela mesma razão. É nessa razão que estamos interessados e essa razão é um PROCESSO de transformação de um estágio inferior para um superior.
O sacrifício, representado pela cor vermelha, é a natureza da “crucis”. A condição de sacrifício, de dar o seu ser pelo propósito do desenvolvimento maior é que constitui o processo. Não é por nós mesmos a razão principal pela qual buscamos a verdade. Buscamos a Verdade para que TODOS possam ser livres para seguir a Senda da Luz. Isto, irmãos e irmãs, é o maior sacrifício e a qualidade mais difícil que devemos aprender. Esse processo é a origem de nosso nome.
Aqueles que nunca se sacrificaram ou aprenderam o processo podem temê-lo. Mas aqueles que o compreendem nunca o temerão.
Lembrem-se de nosso nome e de seu significado.
UMA PALAVRA SOBRE NOSSOS ENSINAMENTOS
Bem cedo em nosso sistema de monografias, serão oferecidas informações específicas a respeito de como nossos ensinamentos são apresentados, recomendações sobre qual nós acreditamos ser a melhor maneira de estudar, e assim por diante. Minha intenção aqui não é a de apresentar agora o nosso sistema. Antes, eu quero dizer algumas palavras sobre as origens de nossos ensinamentos e o que você pode esperar receber como membro da Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C).
Mencionei anteriormente nesta monografia que havia muito poucos escritos Rosa-Cruzes autênticos comparados à quantidade de referências disponíveis. Interessantemente, os escritos autênticos dizem muito pouco com relação aos assuntos doutrinários ou à sua fonte. No máximo, tais referências são veladas e para compreender corretamente essas referências, deve-se ter uma forma de ver através desse véu de obscuridade colocado intencionalmente.
Em outras palavras, se você não tiver a chave que somente é fornecida através da iniciação, tudo o que terá (assumindo que consiga encontrar os documentos autênticos) serão alguns “bonitos” esboços simbólicos, muitas referências alegóricas, e muitas explicações alquímicas, todas as quais bastante penetrantes e que podem conduzir a uma rara iniciação ao se meditar sobre elas... mas elas mesmas servem mais para começar uma série infinita de especulações acadêmicas e de interpretações sem sentido, que somente levam a pouco mais que debates pela simples finalidade de debater.
Além disso, em muitos casos, a obscuridade intencional era tornada ainda mais obscura por aqueles que pensavam saber o que estavam fazendo, mas não sabiam. Como exemplo, um dos documentos Rosa-Cruzes autênticos é O Anfiteatro da Eterna Sabedoria de Heinrich Khunrath. Ele foi primeiramente produzido como manuscrito em 1598 e publicado na Alemanha em 1609, um ano após a morte do autor. O manuscrito continha inicialmente sete lâminas alegóricas que eram usadas pelo autor como instrumentos de meditação para desvendar a iniciação. Depois de sua morte, alguns de seus estudantes decidiram publicar o manuscrito. Infelizmente eles não compreendiam o significado das lâminas e inepciamente adicionaram à publicação cinco lâminas sem qualquer significado. Dessa forma, a menos que você saiba quais são as lâminas originais e quais foram adicionadas, o documento terá pouco valor.
Contudo há outro documento Rosa-Cruz (em duas partes) que não é enumerado entre aqueles documentos autênticos publicados no século dezessete. A razão para isso é que ele é anterior àquele século. Além disso, ele nunca foi publicado e sempre permaneceu na posse do principal adepto Rosa-Cruz, e mais tarde, do Imperator.
Entre os anos de 1909 e 1915, H. Spencer Lewis, nosso primeiro Imperator para este ciclo, produziu uma série de discursos escritos que deveriam ser apresentados verbalmente como doutrina para aqueles que compareciam aos vários Templos e Lojas Rosa-Cruzes sob sua autoridade. Em 1924, seu filho Ralph M. Lewis (que mais tarde, em 1939, se tornou Imperator) convenceu seu pai a optar por apresentar os ensinamentos para todos os membros como monografias escritas. Assim nosso sistema de monografias nasceu.
Contudo é importante observar à medida que você estudar as monografias apresentadas, que H. Spencer Lewis freqüentemente fazia referências, embora às vezes de forma obscura, a certos manuscritos Rosa-Cruzes que lhe fora permitido ver e copiar na época (e também depois) de sua iniciação. Esses documentos, como ele disse em muitas ocasiões, são as fontes do sistema Rosa-Cruz.
É importante dizer que o documento em duas partes ao qual nos referimos acima é a verdadeira chave do sistema Rosa-Cruz e a base fundamental de nossos ensinamentos. H. Spencer Lewis revelou a primeira parte do documento no Quarto Grau do Templo de nossos estudos e efetivamente reproduziu a maior parte dele palavra por palavra. O documento é conhecido como O Manuscrito de Nodin.
A segunda parte daquele manuscrito tem passado de cada Imperator ao próximo (dentre outros itens) e deve ficar seguramente guardado até que seja o momento de revelá-lo. Para aqueles de vocês que estejam imaginando, há somente uma cópia e ela me foi dada por Ralph Lewis muitos meses antes de sua morte. Eu ainda a tenho.
Dentro do Rosacrucianismo tem havido debates consideráveis relacionados aos nossos ensinamentos. Muitos acham que as monografias deveriam ser “atualizadas” na linguagem e também em seu conteúdo. Embora o uso da linguagem “moderna” seja apropriado, a atualização de seu conteúdo não o é. Por que? Porque as pessoas que querem mudá-lo não sabem como mudá-lo e no máximo podem somente oferecer uma interpretação pessoal.
Em função da complexidade da organização material que era o veículo Rosa-Cruz de 1915 a 1990 (a AMORC), a edição dos ensinamentos foi removida da supervisão direta do Imperator. Grande parte da argumentação para isso estava relacionada à saúde combalida de Ralph Lewis. De qualquer modo, por volta de 1972, os ensinamentos tinham mudado substancialmente.
Além disso, no início da década de oitenta o Grande Mestre Francês, Christian Bernard e o Grande Mestre Alemão, Wilhelm Raab iniciaram uma produção competitiva de mudanças contextuais dentro de suas próprias jurisdições. O resultado final, naturalmente, produziu ensinamentos diferentes para línguas diferentes e que tinham pouco a ver com o Rosacrucianismo.
Como exemplo, pouco depois de eu ter sido instalado como Grande Mestre da Jurisdição Inglesa em 1984, visitei a Jurisdição Francesa aonde C. Bernard me informou que estava lançando um programa de revisão das monografias. Eu lhe perguntei por quê e ele citou, como um exemplo, o conceito Rosa-Cruz da distinção entre “actuality” e “reality”. Ele afirmava que a tradução francesa daquelas palavras era sem sentido porque elas significavam a mesma coisa. Por essa razão, isso deveria ser mudado. Eu respondi dizendo que ele deveria considerar a explicação baseado em conceitos, ao invés da tradução literal de palavras, e que o conceito por detrás da distinção entre “actuality” e “reality” foi pela primeira vez apresentado publicamente na Língua Francesa no século dezessete por René Descartes nas suas Meditações sobre a Primeira Filosofia. Lá, Descartes explicava a distinção entre “realidade formal” (actuality) e “realidade objetiva” (reality).
Os ensinamentos originais provenientes do Manuscrito de Nodin infelizmente não estão disponíveis para aqueles Rosa-Cruzes que estejam estudando os ensinamentos “modernizados”. Com certeza, a distinção entre “realidade formal” (actuality) e “realidade objetiva” (reality) é crítica para a compreensão do sistema Rosa-Cruz. Sem ela, estamos perdidos.
Como um outro exemplo, e isto teve lugar na Jurisdição Inglesa da AMORC, o Manuscrito de Nodin ensina sobre a mente humana e sobre as divergências em compreender realidades múltiplas. Faz-se referência a duas “mentes”: a objetiva e a espiritual (“subconsciente” foi introduzida por H. Spencer Lewis para substituir “espiritual”). Contudo, na década de setenta, alguém decidiu que uma visão “psicológica” mais aceitável deveria ser ensinada e um terceiro aspecto, a “mente subjetiva” deveria ser introduzido. Talvez esteja correto para a psicologia, mas não o é para o misticismo pois isto muda drasticamente toda uma série de conceitos e faz mais por confundir do que por esclarecer.
No momento, a AMORC proclama que as monografias de H. Spencer Lewis estão antiquadas, tendo agora adotado ensinamentos que foram escritos por um time de doutores e cientistas designados por Christian Bernard.
A ARC (Ancient Rosae Crucis), um veículo formado originalmente por um grupo de pessoas depois da separação da AMORC em 1990 e que pretendia no início servir ao meu Ofício, está atualmente usando monografias que foram redatilografadas de uma série escrita por H. Spencer e Ralph Lewis por um número considerável de voluntários, mas editadas por Ashley McFadden. Nessas monografias encontraremos conceitos modificados para se ajustar ao que Paul Walden e Ashley McFadden pensam ou querem que os ensinamentos digam.
Faço estes comentários relacionados à AMORC e à ARC não por menosprezo ou por qualquer razão pessoal. Eles são feitos para informar aos leitores a situação atual para que tenham mais informações para tomar quaisquer decisões pessoais que quiserem.
O que você como membro da CR+C pode esperar com relação aos ensinamentos Rosa-Cruzes é que: 1. Todas as monografias datilografadas e editadas são preparadas exclusivamente por mim; 2. Todas as monografias apresentadas são dos originais de H. Spencer Lewis escritos em uma época em que nenhuma revisão ou influência exterior entravam nos ensinamentos; 3. Que as únicas mudanças feitas dentro das monografias não terão qualquer efeito nos conceitos originais e que tais mudanças serão limitadas a mudar o nome do veículo de “AMORC” para CR+C, eliminar pedidos de doações, de feitura de testamentos nomeando qualquer organização como beneficiária, e propagandas; 4. Modernização dos exemplos dados (isto é, eu posso usar um exemplo de física quântica ou da teoria de cordas para substituir um exemplo que utiliza ondas de rádio); e 5. Você também receberá comentários adicionais ou introspecções de Ralph Lewis quando eu as conhecer, e também comentários adicionais e explicações em profundidade por mim mesmo. Se isto for feito dentro de uma monografia, será claramente especificado ou eu poderei escrever monografias adicionais para serem incluídas às originais.
UMA PALAVRA SOBRE O OFÍCIO DO IMPERATOR
O Imperator é o dirigente tradicional e iniciático do Movimento Rosa-Cruz. Ele ou ela é sempre, sem exceção, escolhido pelo seu predecessor em virtude de seleção pessoal. Ele ou ela deve assumir promessas pessoais solenes ao Imperator precedente e também ao Movimento Rosa-Cruz. Na ocasião da morte do Imperator precedente, o novo Imperator deve ser ritualisticamente instalado por uma pessoa também escolhida pelo Imperator precedente. Tal pessoa pode instalá-lo pessoalmente ou dirigir a instalação do novo Imperator.
Cada Imperator transmitirá, a ele ou a ela, sinais pessoais, símbolos e documentos do Imperator precedente os quais permanecerão como posse pessoal do Imperator até que seja hora de transmitir esses itens ao sucessor escolhido.
Gary L. Stewart
Imperator
Dallas, 1996