A quantidade de pesquisa histórica relativa ao fenômeno conhecido como Rosacrucianismo tem sido considerável na última década. Todos os trabalhos publicados sobre o assunto quase unanimemente concentram sua atenção na fundação europeia da Ordem tradicional no século XVII. Esses trabalhos destacam que a Ordem Invisível fora fundada na Alemanha, vários séculos antes, por um indivíduo conhecido como Christian Rosenkreutz. Diz-se que para perpetuar uma antiga tradição ele havia iniciado alguns irmãos nos mistérios da Rosa-Cruz. Os sucessores desses irmãos trouxeram à luz a existência da Ordem em 1614 com a publicação do primeiro manifesto Rosa-Cruz, o Fama Fraternitatis. Entretanto, acredita-se que a verdadeira fundação da Ordem tenha ocorrido na ocasião da abertura da cripta alegórica de Christian Rosenkreutz dez anos antes da publicação do Fama Fraternitatis.
Embora historicamente a fundação da Ordem tenha sido na Europa do século XVII, há considerável discussão entre estudiosos com relação às raízes tradicionais do Rosacrucianismo. O nome Rosa-Cruz é derivado do latim: ‘rosae’ e ‘crux’, termos popularmente traduzidos para significar ‘rosa-cruz’. Historicamente, a R+C (Rosa-Cruz) possui tanto uma interpretação pública exterior como um significado oculto interior derivado de fontes menos conhecidas. Seu significado simbólico é a chave para a compreensão das intenções e objetivos do Rosacrucianismo.
Para identificar essas intenções a partir de um ponto de vista histórico, deveríamos olhar para a natureza da agitação religiosa, científica e secular da Europa da Idade Média. Sob essa luz, um dos três Manifestos Rosa-Cruzes é considerado uma lição mitológica. Uma lição que proclama a necessidade social de estabelecer uma instituição tradicional para guiar a humanidade em direção à verdade espiritual e à iluminação pessoal. A publicação dos Manifestos criou uma tremenda atividade entre os intelectuais, cientistas e a Realeza da Europa. O que lhes era oferecido era um processo específico e uma orientação para uma reforma educacional, moral e científica da sociedade. Unia as pessoas instruídas e influentes da Europa em um objetivo comum. Embora a Ordem estivesse cercada de mistério, mentes históricas facilmente rastrearão o impacto significativo e as mudanças que ela trouxe à Europa e subsequentemente ao mundo.
Uma outra e mais precisa abordagem das intenções do Rosacrucianismo é olhar para seu aspecto tradicional. Um pesquisador aventurando-se nessa área encontrará muitos recursos frequentemente conflitando entre si. A razão para isso é a linguagem altamente simbólica e alegórica do Fama Fraternitatis, a primeira e mais importante fonte de informação sobre a Tradição R+C. Uma vez que não havia uma Ordem física ou indivíduos que pudessem ser contatados, o público reagiu com uma multiplicidade de opiniões e especulações. Na verdade, nos primeiros dez anos vários milhares de publicações relacionadas ao Rosacrucianismo surgiram. Hoje, com a retrospecção de alguns séculos, aqueles interessados no assunto podem facilmente identificar os elementos da Tradição R+C. Uma vez que o verdadeiro intento de qualquer tradição é perpetuar e preservar uma herança cultural e sua sabedoria inerente, deveríamos olhar para as crenças e valores Rosa-Cruzes. Em primeiro lugar, o Rosa-Cruz Tradicional traz em seu coração amor, compaixão e tolerância. Adicionalmente, pode-se dizer que os Rosa-Cruzes não seguem o curso dos padrões humanos comuns, mas sim aqueles padrões do reino esotérico e espiritual. Eles buscam a Verdade interior e vivem de acordo com essa verdade. Para os Rosa-Cruzes a pureza é essencial, a direção clara é uma necessidade, e o altruísmo é a lei. Esses valores e padrões tradicionais apontam para o fato de que um Rosa-Cruz é determinado pelo que está em seu coração, não pela organização ou Ordem à qual pertença.
Para mesmo mais apreciar o aspecto tradicional e as intenções da Ordem, precisamos compreender o significado interno e simbólico da Rosa-Cruz. Esse significado torna a dedicação dos Rosa-Cruzes ao progresso da humanidade através da iluminação do indivíduo algo evidente por si mesmo. O Rosacrucianismo é um movimento com uma missão.
Hoje, como também no passado, podemos rastrear a existência de diversas organizações ou Ordens Rosa-Cruzes. Surge a pergunta de como examinar essas organizações. Primeiramente, é preciso lembrar que o Rosacrucianismo é um movimento tradicional e iniciático. Esse movimento às vezes se solidifica em uma Ordem ou organização por um período de tempo ─ significando que um indivíduo ou um pequeno grupo de indivíduos que foram adequadamente treinados e iniciados no sistema Rosa-Cruz trabalharão juntos para um propósito comum. É desta forma que algumas organizações Rosa-Cruzes começaram no início do século passado. Hoje, existem diversas Organizações/Ordens Rosa-Cruzes. Algumas são legítimas em virtude da atitude expressada (isto é, se são abertas e tolerantes, encorajam seus membros a buscar a verdade e aplicá-la de acordo com a interpretação individual, não são opressivas, repressivas, arrogantes, etc.). Outras não são porque os ideais não são adequadamente representados. Para melhor compreender o papel das organizações Rosa-Cruzes em perpetuar e preservar a tradição R+C, devemos olhar para elas a partir de um ângulo diferente. Após um período de tempo, as organizações, que podem ser comparadas ao corpo físico, tendem a envelhecer e por fim morrem. Esse processo é usualmente acelerado se muitas pessoas insinceras e que servem aos seus próprios interesses se envolvem nos aspectos organizacionais e administrativos. Entretanto, devemos lembrar que a tradição e a iniciação conduzindo ao desenvolvimento do eu interior do indivíduo sincero são a alma e o Espírito do caminho R+C. É isso que perpetua o Movimento apesar do que uma organização faça ou não faça.
“Participar de um movimento” é verdadeiramente compreender a tradição Rosa-Cruz. Quem foi responsável pela introdução do método científico, da liberdade de pensamento, dos elementos de democracia, do progresso da paz e da cultura e de muitas outras coisas? Os filósofos e místicos, muitos dos quais trabalharam dentro dos movimentos e muitos dentro da Ordem.
Esta breve tentativa de apresentar a história e a tradição do Rosacrucianismo destaca o papel significativo que ele desempenhou no passado e o lugar brilhante que o futuro reserva para ele. Tradicional e historicamente, o movimento Rosa-Cruz sempre lutou pelo estabelecimento e perpetuação da liberdade ─ liberdade da mente, do espírito e da alma. Este site da Internet é dedicado a esse movimento.
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